A sustentabilidade como princípio no desenvolvimento de novos empreendimentos de construção civil têm se tornado cada vez mais frequentes nos novos lançamentos. O uso de materiais que não agridem o meio ambiente, assim como o uso de madeira reaproveitada são práticas cada vez mais frequentes. O Green Building Cauncil estima que a valorização de imóveis contendo materiais reaproveitados está em torno de 30%, com o uso da estratégia de construções ecologicamente corretas.

Mas como a madeira é tratada? O sal de arsênio misturado com cobre, crômio e zinco (CuO, 18% – CrO, 47% – As2O3, 19%) é um preservativo amplamente utilizado para o tratamento de madeiras, este praguicida impede o ataque de insetos, pragas e as degradações por ação biológica. Madeira de corte recente assim como a madeira de reuso são frequentemente utilizadas para construção de áreas externas; decks, pilotis, piers e outras áreas da construção civil. O arsênio é aplicado à madeira na forma de uma mistura de sais durante o tratamento da madeira, nos ciclos de vácuo e pressão. O arsênio também é utilizado na produção de semicondutores, em baterias de chumbo, pesticidas/herbicidas, na indústria do vidro e é subproduto do refinamento do cobre.

É claro que a conduta sustentável é fundamental para sustentabilidade e garantia das gerações futuras, e devemos SIM, pensar de uma forma sustentável ao comprar um produto ou pensar no lixo que geramos e nos produtos que consumimos. A madeira de reaproveitamento pode, e deve ser reutilizada na construção civil, mas com precaução – para evitar tanto a contaminação do meio ambiente como a contaminação da saúde.

De acordo com a portaria de potabilidade do Ministério da Saúde a concentração máxima de arsênio permitido para água de consumo é de 0,01 mg/L e a concentração letal média de arsênio por quilo corporal é de 70 mg. Os peixes e outras formas de vida aquática tem maior capacidade de bioacumular arsênio, comparado aos mamíferos. A presença de arsênio na água e no corpo depende do pH, das condições de oxidação do ambiente, absorções e outras reações cruzadas. Apesar de que historicamente, o arsênio tenha sido utilizado em fertilizantes e na medicina, assim como na preservação da madeira, a exposição ao arsênio com o tempo pode levar à doenças de pele, desregular processos bioquímicos e causar uma ampla variedade de cânceres.

Hoje em dia, milhões de pessoas são cronicamente expostas a elevadas doses de arsênio do ar, comida, água e solo. Durante toda a história do desenvolvimento humano, a toxicidade do arsênio se tornou a principal preocupação dada a sua capacidade de se alastrar rapidamente pelo ar, água e solo. Este metal tem a habilidade de alterar o seu estado de oxidação modulando a capacidade de se ligar em outros elementos e produzir uma enorme variedade de compostos orgânicos e inorgânicos e também formas estáveis de biomoléculas.

O arsênio utilizado no tratamento de madeiras pode ser prejudicial para o meio ambiente? SIM! Estudos recentes demonstraram a ocorrência de lixiviação do arsênio. O descarte de madeiras com resíduo de arsênio deveriam ter destinação apropriada, a fim de se evitar a contaminação de lençóis freáticos e água superficial, mas eventualmente madeiras de reaproveitamento são utilizadas sem qualquer precaução.

A exposição prolongada do arsênio leva à problemas dermatológicos, respiratórios, neurológicos e reprodutivos e desta forma ele é considerado um agente mutagênico e carcinogênico. A exposição ao arsênio resulta severas manifestações na saúde, incluindo: cânceres, melanomas (hiperpigmentação ou hipopigmentação), hiperqueratose, desordens vasculares, gangrena, diabetes, hipertensão, isquemia cardíaca, etc.

O arsênio pode ser prejudicial para a saúde? Uma das fontes principais de contaminação por arsênio é o reuso da madeira como fonte de carvão em churrasqueiras, os compostos voláteis impregnam na carne ou podem ser inalados. Da mesma forma, a construção de pisos de decks de madeira e o contato com os pés descalsos, o arsênio pode permear pela pele.

Como posso descobrir se meu filho está contaminado com arsênio? Clique e confira.

A fim de se prevenir a poluição com arsênio é essencial de se conhecer as interações geoquímicas do arsênio com o ambiente, bem como: 1) Mapear o mecanismo de liberação do arsênio, sua mobilidade, o processo de atenuação natural são fatores chaves para elucidar o potencial risco de contaminação deste metal tóxico; 2) Estabelecer estratégias de dosagem e monitoramento do meio ambiente e dos indivíduos para implementar tratamentos seguros e efetivos e desenvolver tecnologias de remediação.